Mandakaru no Hana mistura cerrado e nordeste com influências asiáticas
Uma Brasília distópica, steampunk e feudal serve de cenário para as aventuras de um samurai cangaceiro que decide fazer uma pausa na capital, mas acaba envolvido em uma grande revolta. Esse é o ponto de partida de Mandakaru no Hana, HQ do artista piauiense radicado em Brasília, Luissandro Almeida, que está com campanha de financiamento coletivo aberta no Catarse para viabilizar a impressão de seu primeiro volume.
O projeto prevê a impressão de 500 exemplares em formato A5, com 90 páginas em preto e branco, além da produção de marcadores, chaveiros, bottons e ecobags ilustradas à mão que serão entregues como recompensas aos apoiadores. O lançamento oficial está programado para o evento Anime Summit 2026, em Brasília.
A obra mistura referências da cultura nordestina e da tradição samurai japonesa, em um universo povoado por ninjas capoeiristas, oni (demônios), boi-bumbás e gangues de lutadores de rua. Essa mescla de influências surgiu da própria vivência do autor. “Sou piauiense, mas cresci em Brasília. Minha mãe sempre manteve vivas as tradições nordestinas em casa, enquanto eu me apaixonava por mangás e filmes de artes marciais asiáticos. Aos poucos percebi as semelhanças e decidi unir essas duas culturas que tanto me formaram”, conta Luissandro.
A ideia nasceu de uma história de apenas oito páginas, produzida para uma coletânea de quadrinistas do DF. O personagem, inspirado na logo de Luissandro — um chapéu de cangaceiro e um par de óculos —, conquistou o público e rapidamente se esgotou em vendas. O retorno motivou o autor a expandir a narrativa para uma trilogia de HQs, sendo Mandakaru no Hana – Vol. 1 o primeiro ato. “Nos eventos em que apresento o projeto as pessoas sempre comentam: ‘Como ninguém pensou nisso antes?’. Essa mistura do cangaço com o universo samurai surpreende e encanta, e acho que é isso que tem feito a história ganhar força”, afirma.
Além de roteirista e desenhista, Luissandro também é pesquisador incansável: mergulha em vestimentas, tradições, lendas e arquiteturas de ambas as culturas para dar autenticidade à narrativa e ao visual dos personagens. “Nada é totalmente criado do zero. O elmo do samurai, por exemplo, virou o chapéu de couro dos cangaceiros, a katana (espada) se transformou em um velho facão, e o yukata japonês (quimono) ganhou o bordado de renda nordestino. É dessa fusão que nasce a identidade única de Mandakaru no Hana”, explica o artista. O título bilíngue, por sinal, pode ser traduzido como Flor de Mandacaru.
A campanha busca arrecadar R$ 8.525,00 para custear a impressão e recompensas. Os apoiadores poderão receber desde exemplares autografados até brindes exclusivos. Mais do que financiar um quadrinho, a contribuição é um gesto de apoio à produção cultural independente e à valorização dos artistas nacionais. “Existe um preconceito de que quadrinho nacional não tem qualidade, assim como muitos pensam do cinema brasileiro. Quero mostrar que temos sim artistas talentosos, e que nossas histórias também podem emocionar e surpreender”, afirma Luissandro.
Baú do Bem
O Baú do Bem é um projeto social desenvolvido pela Baú Comunicação Integrada que oferece, de forma gratuita, serviços de assessoria de imprensa para artistas, coletivos e projetos independentes que não contam com apoio financeiro ou patrocínio. A iniciativa busca democratizar o acesso à comunicação profissional e ampliar a visibilidade de produções culturais diversas, reafirmando o compromisso da Baú em fortalecer a cena artística e contribuir para uma sociedade mais plural e representativa. Mandakaru no Hana é uma das iniciativas apoiadas pelo projeto Baú do Bem.
Serviço
Mandakaru no Hana – HQ
Apoie em: https://www.catarse.me/mandakaru
Instagram: @mandakaru