Com mais de 80% dos brasileiros conectados aos games, setor deve gerar bilhões e consolidar o país como protagonista mundial
O Dia Internacional do Gamer é celebrado nesta sexta-feira, 29 de agosto, e o Brasil tem motivos de sobra para comemorar na data sua posição no cenário mundial dos e-sports. O mercado gamer brasileiro se destaca entre os maiores da América Latina, com expectativa de alcançar US$ 3,5 bilhões até o final de 2025. Além disso, o segmento global deve atingir US$ 3,18 bilhões em 2025, com impressionante CAGR de 23,2% até 2034, de acordo com dados da Abragames.
No Brasil, o número de estúdios de games saltou de 133 em 2014 para mais de 1.000 em 2024, um crescimento de 683%, com destaque para as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, segundo a Abragames.
“O Dia Internacional do Gamer, data criada pela própria comunidade, representa muito mais que uma celebração: é o reconhecimento de uma indústria que movimenta bilhões e gera oportunidades reais de carreira para jovens brasileiros. Vemos diariamente como o cenário competitivo evoluiu, não apenas em termos de estrutura, mas principalmente na mentalidade profissional dos atletas”, afirma o CEO do Team Solid, Marcos Guerra.
Mais de 80% dos brasileiros jogam algum tipo de jogo digital
De acordo com a Pesquisa Game Brasil 2025 (PGB), 82,8% dos brasileiros têm algum tipo de jogo digital como hábito rotineiro. O público que consome jogos digitais, seja jogando, criando ou apenas acompanhando, reconhece que o setor tem gerado diversas oportunidades.
Apesar da expansão do mercado, a visão sobre as possibilidades de carreira ainda é limitada, geralmente reduzida a funções como jogador profissional, criador de conteúdo, programador, publicitário ou desenvolvedor.
“Este cenário é extremamente vasto, temos desde players, coach, analistas, manager, marketing, financeiro, influenciador, administrativo, comercial, etc. Todos os cargos de uma indústria convencional, somados às particulares deste mercado”, comenta Marcos.
Apesar do crescimento do setor, quem busca seguir carreira nos e-sports enfrenta obstáculos como forte concorrência, pressão contínua, desafios de saúde física e mental e instabilidade financeira. Para o CEO do Team Solid, porém, o maior inimigo ainda é a zona de conforto. “Acredito que a zona de conforto seja um dos grandes vilões deste cenário. Vejo muitas jovens promessas ficando pelo caminho, e isso se dá, entre outros fatores, pela falta de disciplina e dedicação. Na minha opinião, esses são pilares que devem ser fortificados para que se construa uma carreira de sucesso, pois durante a mesma, diversos desafios se apresentarão e muitos serão de fato difíceis de superar”, afirma Marcos.
Games são fonte de renda para quase 1/3 dos brasileiros
Um dos aspectos mais significativos do cenário atual é a democratização dos jogos eletrônicos como fonte de renda. O levantamento da PGB 2024 mostra que 27,9% dos gamers brasileiros já ganharam dinheiro no cenário competitivo, evidenciando como a modalidade transcendeu o entretenimento para se tornar oportunidade econômica real.
A realização de grandes eventos envolve uma engrenagem complexa, que abrange desde a logística até a negociação com patrocinadores. Não à toa, empresas de tecnologia, marcas de consumo e plataformas de streaming investem cada vez mais nos games para ampliar sua audiência.
“Vemos uma mudança fundamental na percepção dos e-sports. Antes era visto como um passatempo e hoje, famílias inteiras apoiam filhos que escolhem esta carreira, acompanham os atletas nos campeonatos presenciais com camisa do time, músicas e torcidas organizadas. A geração de renda real e as oportunidades de crescimento profissional mudaram completamente o cenário”, acrescenta Marcos.
Brasil constrói infraestrutura de classe mundial
A profissionalização dos eventos tem levado à criação de arenas próprias como a Arena Pública Gamer, no Rio de Janeiro, instalada na Nave do Conhecimento do Engenhão. Com capacidade para 100 pessoas, é a primeira arena pública do tipo no país. A MAX Arena, em São Paulo, considerada uma das maiores e mais tradicionais do país, já sediou grandes campeonatos como CBCS e MAX5 Invitational, e a On e-Stadium, também em São Paulo, com capacidade para cerca de 500 espectadores (mais 100 em camarotes), é um espaço moderno e modular, que recebe eventos variados além das competições de jogos eletrônicos.
Os grandes campeonatos internacionais transformaram os e-sports em espetáculos de massa, reunindo milhões de fãs ao vivo e online. League of Legends World Championship, Esports World Cup 2024 e Free Fire World Series são exemplos de torneios que, além de premiações milionárias, movimentam patrocínios, direitos de transmissão e novas oportunidades em marketing e tecnologia.
“Quando clubes brasileiros participam de competições internacionais, eles não apenas colocam nossos atletas no mesmo nível dos melhores do mundo — eles inspiram uma nova geração. Cada título conquistado por um brasileiro no exterior abre portas, mostra que é possível, e fortalece a presença e a reputação do e-sport nacional no cenário global”, completa Guerra.
Regulamentação e reconhecimento oficial são apostas do setor
Com novas arenas, centros de treinamento e iniciativas de formação de atletas, o Brasil fortalece sua posição no mercado de e-sports. A regulamentação e o reconhecimento oficial da modalidade abrem caminho para um crescimento acelerado.
“O Dia Internacional do Gamer não é apenas uma celebração do presente, mas um marco para o futuro. Estamos construindo as bases para que o Brasil seja reconhecido mundialmente além da figura de consumidor de e-sports, mas como produtor de conteúdo, talentos e inovação no setor,” finaliza o CEO do Team Solid.